O mundo não está a ficar mais jovem. O número de adultos com mais de 65 anos vai duplicar à escala mundial até 2050. As crianças com cinco ou menos anos serão em menor número que as pessoas com 65 ou mais anos. A pesquisa afirma que a primeira pessoa que conseguirá viver até aos 150 anos já nasceu.

O envelhecimento, como progressão natural da vida, irá transformar inevitavelmente a forma como a nossa sociedade funciona. Apesar de os adultos mais velhos emergirem como um dos segmentos de crescimento mais rápido no nosso tempo, os estereótipos persistem e os desafios continuam a impedir a capacidade destes cidadãos em contribuírem para a sociedade.

São frequentemente considerados como demasiado caros para manterem casa, pelo que falhamos na hora de aproveitar a sabedoria que podem passar às gerações mais jovens. No local de trabalho, são percecionados como resistentes à mudança ou como avessos à tecnologia quando, de facto, o seu conhecimento e experiência deveriam ser tidos em conta. No mercado, são ignorados como um grande sector económico com o maior poder de compra, enquanto se glorifica a fonte da juventude.

Amadurecimento

Lutar contra a discriminação baseada na idade em todo o lado é crucial para criar um mundo mais igualitário onde os direitos e dignidade de todos os seres humanos são protegidos e preservados. Tratar o envelhecimento como uma doença é incorreto e cada vez mais pessoas comprovam-no com o passar dos dias.

Desenvolver normas com soluções para superar estes desafios é o objetivo do ISO/TC?314, Sociedades em envelhecimento. Rae Dulmage, um dos coorganizadores do comité técnico (que também faz CrossFit aos 66 anos) acredita firmemente que a saúde e os sistemas de cuidados continuados devem ser alinhados para irem ao encontro das necessidades da nossa sociedade em envelhecimento. “Ao focar-nos na capacidade intrínseca das pessoas mais velhas e mantendo os seus interesses em foco, poderemos fornecer-lhes os melhores cuidados, desenhados de acordo com as suas necessidades”, disse ele.

O trabalho do comité técnico ISO/TC 314 pede às comunidades para se unirem no que concerne aos cuidados de saúde, segurança social e acessibilidade, permitindo que todos beneficiem com as contribuições que os nossos anciãos podem oferecer. “Necessitamos de ter um sistema que reconheça as várias diferenças culturais e as trate com respeito”, acrescenta Rae. Como tal, os esforços do comité centraram-se na coesão social, envolvendo a inclusão e a não-discriminação. As normas daí resultantes ajudam as comunidades a falar a mesma língua que a nossa população envelhecida, de forma a encontrarmos soluções mais adequadas às suas necessidades em constante evolução. Desta forma, são incluídas na conversa e ninguém fica para trás.

“Uma nova era em que as pessoas vivem mais tempo já chegou. As normas visam criar sociedades em que todos podem envelhecer com um propósito.”

A experiência nunca envelhece

O Dr Martin Hyde, Professor Associado de Gerontologia na Universidade de Swansea, disse que os trabalhadores mais velhos são menos propensos a oferecer-se para formações profissionais. Mas também eram menos frequentemente convidados a participar nessas formações sob a presunção de que teriam menos interesse ou capacidade para aprender. “É terrível que as pessoas sejam sujeitas a essas ideias, mas é ainda pior quando estas começam a acreditar nelas. De certo modo, torna-se numa profecia autorrealizada”, disse ele. Quando os mais velhos são desencorajados a trabalhar, negamos-lhe a utilização das suas faculdades.

Para ir ao encontro das necessidades e expectativas de todas as gerações, os empregadores e os governos devem reconhecer e fornecer iguais oportunidades para os trabalhadores mais velhos. As organizações podem implementar a ISO?25550 para manter a confiança das partes interessas e garantir que a sua força de trabalho é inclusiva ao nível etário. “Reconhecer o valor da nossa população em envelhecimento é garantir que as suas vozes são ouvidas em qualquer ambiente. Trata-se de defender o princípio da inclusão”, enfatizou o Dr. Martin.

Por outro lado, os nossos sistemas de saúde estão a trabalhar para promover o acesso universal a cuidados de saúde de longo termo com qualidade. Sendo crucial garantir o acesso igualitário à prevenção da doença, tratamento e reabilitação em todas as fases da vida, também é importante tomar conta dos cuidadores. Este facto está no centro da ISO?25551, que almeja dar poder aos cuidadores que trabalham em comunidades para balancear o emprego com as responsabilidades de cuidador.

Também é importante compreender que um envelhecimento saudável é mais do que apenas “não estar doente”, mas também ser capaz de nos mantermos funcionais através das nossas vidas. A ISO?25552 pretende fomentar um ambiente inclusivo para doentes com demência, ajudando os mais velhos a serem cidadãos independentes, a sentirem-se seguros e confortáveis de modo a maximizarem as suas capacidades e a participarem nas suas comunidades.

Sobreviver ao teste do tempo

Todos temos um papel a desempenhar no combate à discriminação baseada na idade. Quando damos aos adultos mais velhos o apoio de que necessitam e que merecem, estes podem trazer às nossas comunidades crescimento económico, igualdade laboral e geracional, além de outras vantagens. Todas as partes interessadas – incluindo o governo, os sectores público e privado, a sociedade civil, as organizações e as instituições académicas e de investigação – devem trabalhar em conjunto para aproveitarem esses benefícios.

Esta discussão não é sobre evitar uma crise, mas sim sobre mudar toda a narrativa em redor do envelhecimento e criar soluções inter-geracionais duradouras para apoiar cada estágio da vida. Quando quebrarmos o estigma e as barreiras que este cria, poderemos transformar as nossas comunidades num local onde todos podem envelhecer graciosamente e com um propósito.

Fonte: www.iso.org