A teoria de que as normas levam a um crescimento lento é absurda. Na verdade, são uma oportunidade económica. Como é que sabemos? Porque as poupanças e vantagens podem ser determinadas. Um método para calcular os benefícios das normas permite agora que as empresas vejam os seus resultados. E os números são fascinantes.
Quantas vezes saiu de uma reunião e duvidava que alguma ação iria mesmo mudar a estratégia da sua empresa? Tudo é mais difícil quando o tempo e dinheiro são essenciais. Muitas vezes, reunimo-nos para desenvolver uma estratégia e avaliar, entre outras coisas, como e onde é que as normas se enquadravam no cenário, e nada encaixa. É frustrante.
Alguns vêm as normas como um passaporte para os mercados de exportação, outros vêm como um mal necessário ou como um percurso com obstáculos e outros têm o conhecimento de especialistas. Seja qual for o propósito ou o lado em que estiver, terá que admitir que as normas são descritas em números. Temos, por exemplo, o aumento percentual de vendas ou o crescimento do PIB, que pode resultar da sua implementação. Nós sabemos que os números falam por si, especialmente se são denominados em dólares ou euros.
Mas será possível quantificar mesmo os benefícios das normas? Resposta curta: sim, é. As normas têm impacte direto no crescimento da organização, e tudo é possível de calcular. Os custos associados à implementação das normas são relativamente fáceis de determinar, mas calcular os benefícios era mais complicado… Até recentemente.
Um pedido real
Agora pode descobrir como é que a sua empresa pode avaliar e comunicar os benefícios económicos obtidos com a implementação de normas e identificar exatamente quais as áreas que são suscetíveis de obter maiores resultados. Este tem sido o foco de um estudo realizado pela ISO e pelos seus membros, em cerca de 30 empresas, e até mesmo num setor industrial, onde examinaram a forma como implementam as normas e como foram calculadas as suas economias. Os números fornecidos por uma cervejaria russa apaixonada por qualidade e uma pequena empresa alemã de tecnologia, não os deixaram indiferentes.
É claro que o cenário é muito diversificado, com diferentes experiências, dependendo do tamanho da empresa, setor e implementação de normas. As empresas analisadas variam desde pequenas empresas com 25 colaboradores e uma faturação anual de cerca de USD 4,5 milhões, até aglomerados de vários milhares de colaboradores com uma faturação anual de mais de US $ 1,5 biliões. Operam em diversos setores de atividade, nomeadamente alimentação, construção e telecomunicações. Mas para todas as empresas, os benefícios foram observados, geralmente entre os 0,15% e 5% da faturação anual de vendas.
Os louvores de Singapura
Outra noticia importante que advém de estudos realizados, é o impacte global sobre todos os setores da indústria. Um caso em questão é o de construção civil de Singapura. Há vários anos, este setor da indústria, de biliões de dólares, introduziu o seu primeiro referencial normativo de TI, SS CP 83, uma norma CAD para desenhos técnicos. A norma melhorou a produtividade e a eficiência dos processos de trabalho dentro da indústria que permite a troca de desenhos e a implantação bem-sucedida de CORENET (Construction and Real Estate Network) para o envio eletrónico de desenhos para análise e aprovação de órgãos reguladores.
Assim a indústria aplica o CP 83 ao longo de toda a sua cadeia de valor desde em desgin de desenhos técnicos, planeamento, operação, testes e implementação. A utilização de normas permitiu a troca de desenhos técnicos, por meios eletrónicos, entre arquitetos, engenheiros e empresas de design, superando a necessidade de impressão desses documentos.
Trazendo grandes benefícios: a poupança de custos de aproximadamente EUR 320 milhões (USD 250 milhões) para o setor da construção de Singapura (entre 2003 e 2012). Então como é que as normas podem contribuir para o retorno económico da indústria?
Em poucas palavras, os benefícios resultaram de:
- Redução de custos e mão de obra envolvidos na preparação de desenhos para apresentação de projetos;
- Redução de tempo na interpretação de desenhos;
- Redução de custos na transição para projetos eletrónicos;
- Poupança de custos associados a viagens;
- Transferência de know-how entre empresas.
A experiência de Singapura destaca os benefícios da implementação de normas para toda a indústria. Desde a conceção e produção até à distribuição e comercialização, a normalização tem influenciado num momento ou noutro, todas as fases dos produtos e serviços do setor. A implementação da CP 83, juntamente com a capacidade de emissão CORENET, contribuiu significativamente para a melhoria da comunicação e a coordenação entre os intervenientes no processo de design, permitindo a obtenção de benefícios económicos substanciais. Para estas empresas bem como outras empresas, está longe de ser um gasto irresponsável, a normalização te sido um bom investimento. Foi fundamental para o aumento da produtividade e eficiência em toda a cadeia de valor da construção.
Os números falam por si
Durante a última década, tem havido um crescente interesse em qualificar e quantificar os benefícios económicos e sociais das normas. Mas qual é a natureza desse impacte a nível nacional? Uma série de estudos recentes realizados na Alemanha e no Reino Unido apontam para uma relação direta entre a utilização de normas e o crescimento económico, a produtividade do trabalho, a capacidade de exportar e muito mais.
Um estudo realizado no Reino Unido pelo Departamento da Indústria e BSI, o membro ISO do país, estimou que as normas têm uma contribuição de 2,5 biliões de EUR para a economia do Reino Unido e têm aumentado 13% na produtividade nos últimos anos. Da mesma foram, DIN, o membro alemão da ISO, determinou que os benefícios das normas representam 1% do PIB. Estudos semelhantes nos EUA, Austrália e Canadá corroboram esses resultados.
Fonte: iso.org
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